Miri
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Refluxo em recem-nascidos

Seu bebê acaba de mamar e regurgita boa parte do leite? Pode ser refluxo. Na maioria dos casos, ele desaparece espontaneamente. Mas, às vezes, é preciso tratamento.

Com 45 dias, Lorenzo, filho da professora paulistana Luciene Cavalhieri, 33 anos, regurgitava grande quantidade de leite, toda vez que acabava de mamar. E a mãe, claro, entrava em pânico. “Tinha medo de que ele não absorvesse os nutrientes necessários e ficasse com o crescimento comprometido”, diz Luciene. Como sempre acontece nesses momentos de dúvidas com o recém-nascido, não faltaram conselhos de avós, amigas e conhecidas. “Para piorar, o refluxo é um problema frequente e todo mundo tinha uma sugestão para dar, o que só me confundia mais. Nada me convencia”, lembra a mãe. Se você está passando por isso, resista às receitas caseiras.Quando o assunto é a saúde do bebê, caso do refluxo, a regra é procurar sempre um especialista.

Mais normal do que parece

“Todos os bebês têm certo grau de refluxo quando nascem, especialmente os prematuros”, esclarece a pediatra Mariana Facchini Granato, do Instituto da Criança, do Hospital das Clínicas de São Paulo. Na maioria das vezes (e era o caso de Lorenzo), trata-se do refluxo fisiológico, provocado pela imaturidade do sistema digestório dos pequenos, e não causa maior desconforto. “Ele é tão frequente que podemos dizer até que faz parte da normalidade”, diz Antônio Celso Moraes, nutrólogo especializado em gastroenterologia, de São Paulo. Esse tipo regride espontaneamente, conforme seu filho cresce e pode ser contornado com soluções paliativas (veja no quadro “Medidas antirrefluxo”).

Em alguns casos, o especialista pode receitar medicamentos. Os mais comuns são os antiácidos e os anticinéticos (que diminuem o tempo em que o estômago fica cheio). “Mas, essas substâncias só devem entrar em cena em último caso, pois há risco de efeitos colaterais”, afirma Mariana. Irritação, sono agitado e cólicas são alguns dos prejuízos que elas trazem.

A volta do leite não é o único sinal do refluxo. Há casos em que o bebê tosse, apresenta chiado no peito e tem dificuldade para respirar. “A mãe também pode desconfiar do problema quando a criança chora demais, fica irritada, inquieta, dorme mal e recusa alimentos. Essas reações são resultado do desconforto causado pela acidez. Não é raro também que o refluxo seja confundido com cólicas”, afirma Mariana. Dá um aperto no coração só de pensar no sofrimento do pequeno. Mas relaxe. Os especialistas garantem que essas manifestações são brandas e regridem à medida que o sistema digestório amadurece e seu filho começa a sentar e passar mais tempo ereto. “Cerca de 67% dos bebês têm refluxo entre 2 e 5 meses. Dos 6 aos 7 meses, a incidência cai para 21%, e apenas 5% deles apresentam o quadro após o primeiro ano de vida”, diz o gastropediatra Luiz Henrique Hercowitz, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

Cuidado dobrado

Quando o refluxo é causado por outros fatores além da imaturidade do sistema digestório, porém, os sintomas se apresentam de forma mais intensa e não melhoram espontaneamente depois do sexto mês. Desconfie, caso o bebê vomite ou regurgite com frequência e em grandes quantidades, esteja constantemente choroso e irritado, apresente muita dificuldade para se alimentar ou dormir. “Esses casos exigem uma investigação criteriosa, principalmente se a criança começa a perder peso ou mostra-se apática”, alerta Mariana.

Foi o que aconteceu com Maria Eduarda, 4 meses, filha da dentista Fernanda Estevez, 31 anos, de São Paulo. “Ela me parecia sem energia, sem vida. No começo, achei que era uma característica de personalidade”, lembra a mãe. Até que, em uma consulta mensal, o pediatra notou que a menina não ganhava peso e estava muito abaixo da linha de desenvolvimento para a idade. “Ela também tossia demais e tinha dificuldade para respirar, sintomas que nunca imaginei ligados ao refluxo”, conta Fernanda.

Há outros sinais indiretos que devem deixar os pais em alerta.“Nos casos mais graves da doença, o bebê pode apresentar apneia, ou seja, parada rápida da respiração durante o sono, e pneumonia provocada pela aspiração do próprio refluxo”, explica Moraes. Também merecem atenção dores no tórax, crises asmáticas, doenças no ouvido, como otite, e problemas respiratórios. Se o refluxo não for controlado, os prejuízos aumentam com o tempo.

Em alguns casos, até mesmo os dentes do pequeno são afetados, ficando fracos e propensos a cáries devido ao contato constante com o pH ácido dos alimentos regurgitados. Mas são situações raras, nas quais o refluxo pode ser considerado doença e não se resolve sozinho. Nelas, o detonador do problema costuma ser uma alteração no sistema digestório do bebê, como uma malformação. A intensidade dos sintomas e a persistência do quadro são os sinais mais evidentes de que a criança precisará de acompanhamento médico, com uso de medicamentos antirrefluxo ou mesmo cirurgia, que não oferece maiores riscos

Voltou por quê?

Todos nós temos uma válvula entre o esôfago e o estômago: é o esfíncter esofágico inferior. Quando comemos, ela se fecha, impedindo que o alimento retorne. Nos casos de refluxo, esse mecanismo não funciona direito e, por isso, não consegue impedir totalmente a volta do bolo alimentar. Resultado: parte do que foi ingerido migra do estômago para a boca, trazendo sucos gástricos, que são extremamente ácidos e causam sensação de queimação. Nos bebês, também os movimentos de contração do esôfago – responsáveis por empurrar os alimentos para o caminho certo – são pouco eficientes, aumentando o risco de que ele regurgite (ou vomite) parte do que foi ingerido.

Fonte: Luiz Henrique Hercowitz, gastropediatra do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

Medidas antirrefluxo

Até 6 meses

É o período mais crítico porque a dieta baseia-se, principalmente, em líquidos, como leite materno e fórmulas. Quanto mais ralo o alimento, mais difícil de ser retido pelo esôfago. Ao amamentar ou dar mamadeira, mantenha seu filho inclinado, com a cabeça elevada em relação ao corpo. No final, segure-o apoiado contra seu ombro para arrotar – eliminar o ar ingerido diminui o mal-estar. “O ideal é mantê-lo na vertical por meia hora depois da mamada”, ensina o gastropediatra Luiz Henrique Hercowitz, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

Outro cuidado é programar a troca de fraldas para antes de cada mamada ou uma hora depois, uma vez que movimentar o bebê com a barriga cheia aumenta o risco de refluxo. Na hora de dormir, deite-o inclinado, com o tronco elevado entre 30° e 45°. Para isso, posicione uma almofada sob o colchão, na cabeceira do berço. Essa posição estimula o bolo alimentar a fazer o caminho natural. “Deitar a criança ligeiramente virada para o lado esquerdo também favorece o esvaziamento gástrico”, orienta Hercowitz.

De 6 a 12 meses

Nessa fase, fórmulas especiais, com espessantes, podem entrar em cena. Em contato com o ambiente estomacal, elas ganham consistência de um gel, o que dificulta sua volta. A entrada das papinhas também ajuda. Comidinhas pastosas e consistentes combatem naturalmente o problema. “Melhor ainda se a mãe fracionar a dieta, oferecendo porções menores de alimento mais vezes ao dia. Isso evita que o estômago fique muito cheio e distendido, o que facilita o refluxo”, recomenda Antônio Celso Moraes, nutrólogo especializado em gastroenterologia, de São Paulo. Convém eliminar do cardápio gorduras, chocolates, sucos cítricos, refrigerantes e iogurtes. Para dormir, valem os mesmos cuidados da fase anterior.


Fonte: Claudia bebe

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